Pura @lergia: outubro 2009

O professor (por Jô Soares)

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!

É jovem, não tem experiência.

É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um pobre coitado.

Tem automóvel, chora de "barriga cheia".

Fala em voz alta, vive gritando.

Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta ao colégio, é um "Adesivo".

Precisa faltar, é um "turista".

Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.

Não conversa, é um desligado.

Dá muita matéria, não tem dó do aluno.

Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.

Não brinca com a turma, é um chato.

Chama a atenção, é um grosso.

Não chama a atenção, não se sabe impor.

A prova é longa, não dá tempo.

A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.

Escreve muito, não explica.

Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala correctamente, ninguém entende.

Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.

Exige, é rude.

Elogia, é debochado.

O aluno é retido, é perseguição.

O aluno é aprovado, deitou "água-benta".

É! O professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.

35% a 41% de abstenção!?

O que move o povo a abster-se no dia das eleições?
Será preguiça, desinteresse ou apenas a incapacidade dos políticos em cativar os cidadãos?
Este que vos escreve e que se abstém do dever de votar há já alguns anos, sente que não existe em nenhum dos actuais candidatos alguém capaz de fazer com que Portugal levante a cabeça, saia da depressão em que mergulhou, que passe a cantar fados mais alegres e deixe de esperar por um D. Sebastião que nunca virá para resolver os problemas do povo.
Ora vejamos. Sendo professor é lógico que não votaria no suposto engenheiro Sócrates depois do que este fez e vai continuar a fazer à minha classe. Votar na Dra. Manuela Ferreira Leite seria andar de cavalo para burro, ou seja, se já estamos mal, pior ficaríamos. O Bloco de Esquerda não levou o meu voto pois o meu tempo de paz, amor e drogas leves já lá vai. Ainda me senti tentado em doar o meu voto ao CDS do Paulo Portas pois concordo com o senhor quando aborda as questões da perda de autoridade dos professores no seio da comunidade escolar e do rendimento de inserção social, mas do dizer ao fazer vai uma distância enorme e trabalhosa de percorrer e todos nós sabemos que a palavra de um político não serve nem para forrar o chão de um curral.
Sinceramente, estou farto de Senhores que faltam de forma injustificada e criticam quem falta por necessidade, estou farto de Senhores que usam e abusam dos seus poderes para moldar a realidade que os rodeia, estou farto de Senhores que têm direito a subsidio de indumentária e direito a transporte e motorista enquanto eu tenho de pagar a roupa que uso e de ir para o trabalho de transportes públicos, estou farto de Senhores que passam o dia sem fazer nada e por isso têm direito a mais uma reforma.
Estaremos condenados a esperar eternamente por um mito que nunca virá ou irá aparecer algum ser humano de palavra que seja capaz de conquistar a confiança dos portugueses?
Estou tão farto de não votar!